Minha história, sob o meu ponto de vista: uma visão QUASE sincera
12/3/20243 min read
Vou começar a minha história com meus pais. Minha mãe veio de uma família religiosa, luterana, do município de Vila Pavão, E.S. Ela trabalhava na infância com a família, como lavradora. Meu pai também veio de uma família de Vila Pavão. Eles se conheceram na juventude, e minha mãe ficou grávida. Como a família da minha mãe era puritana, minha mãe foi expulsa de casa pela mãe da minha mãe devido à gravidez antes do casamento (que nunca ocorreu). Começou um longo estado de peregrinação da minha mãe, e enfim eu nasci, na cidade de Serra-E.S.
Com o meu nascimento, meus pais foram morar numa mesma casa alugada. Minha mãe e meu pai eram ambos fumantes, e meu pai também era viciado em cachaça. Pelo que me consta, desde então os problemas de relacionamento começaram. Minha mãe começou a trabalhar lavando banheiros em uma empresa, enquanto meu pai exercia a atividade de pedreiro. Quando eu estava com 3 anos, a dificuldade financeira apertou meu pais, e eles tiveram que voltar à cidade de Vila Pavão. Com a falta do dinheiro, eles passaram a morar de favor em uma casa de madeira, com paredes de tijolo cru. Minha mãe então passou a exercer as mais diversas atividades: lavar roupa para outras pessoas, derriçar café na lavoura, etc. Meu pai continuou a atividade de pedreiro. Pelo que me lembro, ele era considerado o melhor pedreiro da cidade de Vila Pavão. Ele não fazia o serviço mais rápido, mas sim o serviço mais detalhado.
Meu pai fazia serviços para as pessoas mais abastadas da cidade, o que não significa que seus patrões eram ricos, pois a cidade de Vila Pavão era muito pobre. Quando eu estava com 5 anos de idade nasceu meu único irmão. Minha mãe mais tarde, preocupada com a situação financeira, propôs ao meu pai juntar algum dinheiro para comprar uma casa. Segundo ela, meu pai respondeu: "eu não como casa". Meus pais tiveram inúmeros problemas de relacionamento que se agravavam cada vez mais. A violência doméstica que eu presenciava era constante.
Meus pais se separaram por duas vezes, sendo a segunda definitiva. Quando eu estava com 13 anos meu pai morreu por problema hepático. Nesses tempos, por algumas vezes tive que trabalhar como lavrador, seguindo inicialmente o mesmo destino que minha mãe. Na escola, foram poucos os momentos em que me senti motivado. Eu convivia também com o problema de ter entrado tarde na escola, e sem a possibilidade de "aceleração". Meu irmão, por exemplo, entrou na primeira série 1 ano, 3 meses e 5 dias mais novo que eu.
Acelerando a toada, tive problemas ao tentar entrar na graduação porque os cursos existentes na proximidade eram todos cursos muito baratos, sem perspectiva de um futuro abastado. Além disso, eu não tinha carteira de identidade, devido a um problema com a minha digital, o que atrasou em mais um ano minha entrada na universidade. Entrei na universidade com 19 anos. Durante a primeira fase do vestibular, nas provas objetivas que abordavam diferentes disciplinas, tive a pífia pontuação de 38%. Na segunda fase, discursiva e específica de matemática, tirei o primeiro lugar, bem a frente do segundo. Participaram da segunda fase pouco mais de 120 alunos.
Minha graduação demorou 4 anos. Em seguida, fiz inscrição para o IMPA (instituto de matemática pura e aplicada). Faltou chegar ao IMPA um dos documentos. Eu até poderia começar como aluno especial, porém sem bolsa. E sem bolsa, próximo ao Leblon, não existia possibilidade alguma. Perdi um ano e então fiz a inscrição para o mestrado acadêmico em matemática da UFES. Com aproximadamente 50 concorrentes eu aprovado na modesta quinta colocação. Meus problemas psicológicos me atormentavam... De fato naquele momento não havia razão alguma para ser feliz.
Fiz então inscrição para a vaga de professor efetivo de matemática da UFES. Passei em primeiro, mas haviam apenas dois candidatos. O tempo passou e os problemas psicológicos atingiram um novo. Em meio a esses problemas, fiquei internado por 50 dias numa clínica pública no fim de 2023. Essa internação me deu alguma sobrevida. Fiz inscrição para um doutorado em matemática na UFAL/UFBA. Haviam 9 vagas, 6 inscritos, 5 com inscrição deferida e 2 aprovados, sendo eu um dos aprovados. No entanto, de novo a bendita bolsa não veio. Atualmente, no fim de 2024, traço meus planos para um possível doutorado no IMPA.
IDEIAS
Um espaço para compartilhar pensamentos e reflexões.
CONTATO
© 2024. Todos os direitos reservados